Em outubro de 1884, Dom Pedro II inaugurou a Estrada de Ferro do Corcovado . Estava criado o primeiro passeio sobre trilhos do país num trem ainda a vapor. A estrada é mais antiga até do que o próprio monumento, inaugurado somente em 1931. Foi o trem, inclusive, que transportou, por quatro anos, as peças desta que hoje é uma das Sete Maravilhas do Mundo . Assim como levou cariocas, turistas de todo o mundo e muitas personalidades, como o cientista Albert Einstein, a Princesa Diana e o Papa João Paulo II. Muita história para contar nesses 135 anos, sem dúvida. E parte delas estará reunida em fotos, numa exposição gratuita que será inaugurada quarta, na Estação do Cosme Velho .
– Vamos mostrar imagens de diversos momentos desse período, desde a época do trem a vapor, passando pelo trem elétrico, entre outras que serão surpresa para o público – adianta o porta-voz do Trem do Corcovado, Riccardo Pina, contando que a mostra tem o apoio do Consulado da Suíça no Rio de Janeiro. – A Estação do Cosme Velho será toda decorada com cenografia inspirada no país europeu.
A relação com a Suíça não é por acaso. É lá que são fabricados os trens da terceira geração, que chegaram ao Rio em 1979. Agora, eles estão saindo de linha e dando início a uma nova leva de trens mais modernos, produzida por outra empresa suíça, a Stadler. São três novos trens, que vão oferecer mais conforto aos passageiros, com direito a teto panorâmico e maior rapidez para cruzar os 3.824 metros de distância. Segundo o gerente de manutenção, José Joaquim Pinto, eles vão encurtar a viagem, que agora passa a levar 15 minutos para subir e 17 para descer
– Eles também são maiores, com 27 metros cada, dois a mais do que os antigos. Dessa forma, transportam mais passageiros. Agora são 154 sentados e 20 em pé. Antes, eram apenas 115 sentados – explica ele, calculando que agora será possível levar mais de 600 turistas por hora. – É o dobro da capacidade atual.
O engenheiro conta que vai manter um dos trens da terceira geração apenas para fazer a manutenção diária na ferrovia:
– Às 7h fazemos uma varredura na linha e vamos manter um dos trens antigos para esse trabalho. Os outros dois serão levados para a Cascatinha, que pertence ao ICM Bio, gestor do Trem do Corcovado.
A capixaba Juliana Dias, de 36 anos, visita frequentemente o Rio e não deixa de fazer o passeio. Acostumada com o trem anterior, ela logo percebeu as diferenças para os novos trens:
– São muito silenciosos. Só não dá para tirar um cochilo porque é impossível dormir diante de tanta beleza. Essas melhorias são bem-vindas porque esse é o maior cartão-postal da cidade.
Na semana de comemorações, outra novidade será o lançamento do Corvado Experience, na quinta-feira. Trata-se de uma experiência sensorial sobre a importância do Parque Nacional da Tijuca para o ecossistema da cidade, uma vez que o trem atravessa essa que é a segunda maior floresta urbana do mundo.
– Será um cinema 4D com duração aproximada de cinco minutos. O objetivo é passar uma mensagem de preservação com o uso de alta tecnologia – explica a bióloga Sônia Peixoto, doutoranda do Programa de Arquitetura e Urbanismo da UFF e que durante dez anos foi gestora do Parque Nacional da Tijuca.
Cada sessão do Corcovado Experience comportará 36 pessoas e terá o preço promocional de R$ 23,50. De acordo com Sônia, a ideia é que, a partir de 2020, novos filmes sejam exibidos.
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