A Brado Logística, subsidiária da Rumo, deverá começar a operar no trecho central da ferrovia Norte-Sul no início de 2021, segundo o presidente, Marcelo Saraiva. A ideia era iniciar as atividades já em setembro, mas, por conta das medidas de isolamento social impostas pela pandemia, a companhia teve que adiar a estreia da operação.
As obras do terminal da Brado que será construído em Imperatriz, no Maranhão, ainda não tiveram início, devido às restrições impostas pelo governo local, diz o executivo. Ao todo, a empresa planeja investir R$ 100 milhões na construção, mas, em sua primeira fase, serão aplicados apenas R$ 35 milhões do total.
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A própria operação da Rumo do trecho ainda não teve início. A operadora está em fase final de obras na ferrovia e ainda não tem previsão de quando as atividades vão começar. A companhia, que faz parte do grupo Cosan, assinou o contrato de concessão do tramo central da Norte-Sul em julho do ano passado.
Desde então, a Brado já firmou 26 acordos comerciais com clientes que deverão operar na via. Em uma primeira fase, será feito o trajeto Imperatriz (MA)-Anápolis (GO), que tem 1.486 km. Depois, até maio de 2021, a ideia é chegar até Sumaré (SP), onde a empresa tem outro terminal.
O perfil de carga que será movimentada na Norte-Sul é diferente daquele movimentado nas demais rotas da Brado. A operação atual é mais focada no agronegócio, mas o novo trajeto deverá ter uma diversificação maior, assim como mais foco no mercado interno, segundo Saraiva. Nos 26 acordos comerciais já firmados, estão contemplados 40 tipos distintos de produtos, como minério, bebidas e alimentos para abastecimento de mercados locais no Centro-Oeste.
Para o presidente da empresa, a crise provocada pela covid-19 não deverá abalar os novos negócios. “Não vejo problemas de fechamento de contratos nos próximos meses. O mercado interno tem muito mais demanda do que a Brado capta hoje. Alguns clientes que fazem o trajeto por rodovia vão querer migrar boa parte do transporte de longo curso que é feito por caminhão para a ferrovia”, afirma ele.
Na rota Mato Grosso-São Paulo, a companhia também não tem sentido impactos significativos da crise atual.
Entre janeiro e abril, a Brado fechou com 21 novos clientes, o que representa um crescimento de 11% na base de contratos da operadora logística.
A movimentação no trajeto também tem se mantido, principalmente pelas exportações acima do esperado de carnes – produto que representa fatia importante dos clientes. Outros produtos agrícolas, porém, como madeira e algodão, têm sofrido quedas, devido à pandemia global.
Na importação, que representa uma parcela de cerca de 10% dos clientes da empresa, também não houve forte impacto, já que a maior parte dos produtos também são ligados ao agronegócio, como fertilizantes e produtos agroquímicos.
Ao contrário de outros setores mais afetados pela crise, o executivo afirma que não tem recebido de clientes pedidos de renegociações de contratos. Saraiva afirma também que o caixa da companhia está forte e que não há discussões para segurar investimentos programados para este ano.
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