Os presidentes da Invepar, Abel Rochinha, e do Metrô Rio, Guilherme Ramalho, se reuniram ontem com o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC) para tentar buscar uma solução para o atual momento da concessionária. Rochinha reiterou hoje que o Metrô Rio, controlado pela Invepar, só tem recursos financeiros para operar até o fim de agosto.
O Metrô é o que me tira o sono, disse Rochinha hoje ao Valor, ao comentar que as demais concessões controladas ou com participação relevante da Invepar – como a Linha Amarela e o Aeroporto de Guarulhos -, apesar de também passarem por dificuldades, já equacionaram soluções para superar o período mais agudo da crise causada pela covid-19.
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Rochinha explicou que o Metrô Rio tinha uma média diária de 900 mil passageiros antes da pandemia, número que chegou a cair a 120 mil em maio e atualmente gira em torno de 270 mil. O executivo acrescentou que o ponto de equilíbrio (break even) operacional do ativo é de 550 mil passageiros/dia.
Os principais custos do Metrô Rio são a energia, a manutenção e o pessoal, com reduzida margem de manobra.
Rochinha disse que Witzel ligou para o presidente da Comissão de Transportes da Assembleia Legislativa do Estado do Rio, Dionísio Lins (PP), pedindo ajuda da Casa para autorizar uma medida de ajuda do governo estadual à empresa. Logo no início da pandemia, o governo do Rio mandou um projeto para a assembleia, mas as discussões não avançaram. Qualquer ajuda do governo estadual depende de autorização dos deputados estaduais.
A conversa com o governador ontem foi bastante positiva, ele está sensibilizado, disse Rochinha, lembrando que os ativos do Metrô Rio são de propriedade do Estado. Para o executivo, deverá ser buscada uma solução conjunta envolvendo os governos estaduais e federal e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), este último com linhas de capital de giro.
Ele lembrou ainda que a empresa tem déficit operacional de R$ 30 milhões a R$ 35 milhões por mês.
O deputado Dionísio Lins ressaltou ao Valor que a Supervia – linha de trens urbanos na região metropolitana do Rio – e a Barcas S.A., que opera o serviço de transporte marítimo na Baía de Guanabara, também alegam que poderão parar os serviços por falta de recursos. Lins destacou ainda o primeiro pedido do governo estadual enviado ao Legislativo não foi acatado devido ao momento político, já que seria difícil justificar que o Estado, em grave crise financeira, socorresse companhias privadas.
O governo teve que retirar [a proposta]. O Estado está em recuperação fiscal. Como o deputado aprova mensagem para dar dinheiro para empresa? Por outro lado, o parlamentar tem que ter entendimento de que se não socorrer, quebra, disse Lins. Vejo com tranquilidade a mensagem do governo. Mas precisamos saber de onde virá o dinheiro. Estado está quebrado, de onde virá o dinheiro?, acrescentou.
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