Um novo incêndio destruiu mais um vagão ferroviário que era alvo de uma associação de preservação no interior de São Paulo para ser restaurado. É o segundo caso nos últimos sete meses.
Desta vez, porém, o fogo, além de danos à memória ferroviária, provocou a perda de 1.500 testes rápidos da Covid-19, que estavam guardados num imóvel vizinho, pertencente à Prefeitura de Botucatu. As causas do incêndio são investigadas.
POD NOS TRILHOS
- Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana
- O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS
- Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário
- TIC Trens: o sonho começa a virar realidade
- SP nos Trilhos: os projetos ferroviários na carteira do estado
O incêndio ocorreu na madrugada do último dia 11 e, ao atingir o prédio, onde funciona a Secretaria da Saúde, destruiu os testes do novo coronavírus que estavam no almoxarifado e também materiais de trabalho.
O vagão ferroviário, de propriedade do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), era solicitado pela Sorocabana – Movimento de Preservação Ferroviária para ser incorporado ao seu acervo e passar por recuperação.
O vagão era considerado um bem histórico único, do início do século 20 e configurado pela extinta Estrada de Ferro Sorocabana entre os anos de 1930 e 1940 para servir de alojamento de funcionários de via. Era, conforme a entidade, o último exemplar representativo do processo construtivo de vagões totalmente em madeira pela Sorocabana.
Segundo a associação, o vagão estava estacionado no pátio 2 da estação de Botucatu e a cessão para futura atividade museológica em Sorocaba foi solicitada em 22 de maio. A Sorocabana aguardava a ultimação da reintegração de posse pelo órgão proprietário do bem e autorização para que realizássemos a retirada do vagão e transporte até Sorocaba, diz comunicado da associação.
Para que isso fosse possível, estavam sendo feitas tratativas entre o Dnit e a concessionária Rumo, responsável pelo trecho. O incêndio chegou antes.
Lamentando a perda do bem histórico e, também, os demais prejuízos decorrentes do incêndio, [entendemos] ter atuado em todas as esferas que eram acessíveis para a preservação do vagão, afirmou a associação.
O incêndio é o segundo registrado em apenas sete meses envolvendo bens ferroviários de interesse preservacionista da Sorocabana. Em dezembro, um vagão ferroviário construído há 68 anos foi destruído nas dependências da oficina de Mairinque. Ele era alvo do movimento de preservação desde 2015.
O acervo da entidade atualmente é composto por 5 locomotivas (2 diesel, 2 elétricas e 1 diesel-mecânica), 10 carros de passageiros e 3 vagões de carga. Tem, ainda, convênio com a prefeitura para operar a fazer a manutenção de uma locomotiva a vapor (maria-fumaça).
De acordo com a Prefeitura de Botucatu, o prédio atingido pelo fogo abriga a secretaria desde 2001 e, tombado, é um dos mais antigos da administração municipal.
As causas do incêndio são investigadas pela Delegacia Seccional de Botucatu.
Seja o primeiro a comentar