Renovação das concessões e novas ferrovias movimentam o setor de construção, mas cenário econômico preocupa
Otimistas, mas com ressalvas. Esse é o clima nas construtoras ferroviárias. No embalo das renovações das concessões e dos projetos de novas ferrovias, as empresas creem num horizonte positivo, mas, por outro lado, o cenário macroeconômico traz inquietação em função da alta da inflação e da disparada do dólar. Questões que interferem diretamente no custos de produção e na compra de equipamentos pelas empreiteiras.
Para o diretor geral da Pelicano Construções, Fernando Ribeiro, o momento atual é de retomada das obras ferroviárias, após a finalização de grandes projetos, como a duplicação da Estrada de Ferro Carajás, em 2019, da qual a construtora participou. “Depois disso, tivemos uma diminuição efetiva da demanda, apenas pequenas obras surgiram”, pontua.
Ele afirma que a concorrência anda acirrada no segmento de construção ferroviária, com a entrada no jogo de empresas vindas de outros setores, atraídas pelos investimentos vultuosos previstos pelas concessionárias. A competição tem impactado os orçamentos, mais agressivos em termos de custo. “O menor preço não é necessariamente o melhor preço. O combustível aumentou quase 60% nos últimos dois anos, a inflação está muito alta e o dólar disparou. Um orçamento do ano passado já não serve mais agora. A avaliação incorreta de custos, na pior das hipóteses, pode levar à paralisação de obras e distratos”, observa Ribeiro.
No caso da Pelicano, após entregar mais de 200 km de linha duplicada, com pontes, viadutos, infra e superestrutura nas obras de Carajás, foi possível manter ritmo e fazer mais de 600 km de desguarnecimento, para a renovação completa da ferrovia da Vale. Também está recapacitando 112 km de trilhos na Rumo Malha Paulista. Sem falar que a Pelicano trabalha para entregar, em 2022, 150 km do lote 7 do trecho II da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), cujo ritmo de obras depende da manutenção do orçamento pela Valec.
Já a Construtora Monteiro de Castro está envolvida com a renovação para a VLI do trecho de Paulínia (SP) a Uberaba (MG), incluindo a implementação de novos trilhos e dormentes de concreto, numa extensão de 150 km; na manutenção de trechos da Malha Paulista e do Terminal Tiplam, em Santos. Também está dentro de um consórcio para a capacitação de um trecho de 115 km para a Malha Paulista e a renovação dos caminhos de rolamento de todas as plantas de mineração da Vale em Minas Gerais.
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