Valor Econômico – Em seus últimos dias como presidente da CCR, Marco Cauduro já prepara uma mudança de casa: ele passará a ser sócio da gestora de investimentos Quadra Capital, a partir de novembro. Com a entrada do executivo, a gestora tem como objetivo fortalecer sua capacidade de execução no setor de infraestrutura.
Cauduro segue como presidente da CCR até 30 de outubro e, só então, passará a trabalhar oficialmente na Quadra. A renúncia do executivo foi anunciada em agosto, gerando surpresa no mercado. Durante sua gestão de cerca de dois anos e meio, o grupo de infraestrutura viveu um forte ciclo de expansão, com a conquista de contratos relevantes de mobilidade, aeroportos e rodovias.
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“A motivação para mim é a mesma, a postura empreendedora permanece, com a busca por oportunidades, sempre em função da matriz de risco dos projetos”, afirma Cauduro.
Antes de buscar novos contratos, o executivo terá como primeiro foco a concessão da Codesa (Companhia Docas do Espírito Santo), iniciada neste mês. A Quadra já tinha experiência no setor de infraestrutura com operações de crédito, porém, terá agora sua primeira experiência como administradora direta de uma ativo. Antes da CCR, Cauduro atuou como presidente da empresa de cabotagem Log-In.
A gestora vê possibilidades de novos negócios em diferentes segmentos, como logística, mobilidade urbana, energia, infraestrutura de dados e saneamento básico, diz ele.
Não há, porém, intenção de criar uma plataforma de infraestrutura ou captar fundos exclusivos para o setor, explica Nilto Calixto, sócio da Quadra. “Temos um mandato super amplo dado pelos cotistas dos fundos, então já temos flexibilidade dentro dos nossos veículos. O importante é utilizar o mandato da melhor forma possível”, afirma.
A gestora tem cerca de R$ 6,5 bilhões sob sua gestão hoje. Porém, ele destaca que há capacidade de levantar mais recursos junto aos cotistas a depender das transações que surgirem.
Uma das estratégias de crescimento do grupo será fazer aquisições. “[Estudaremos] desde concessões com passivos regulatórios até empresas com problemas de estrutura de capital, de gestão ou de sucessão. Ou seja, ativos com questões que limitam a agenda de criação de valor”, diz Cauduro. Para ele, a experiência da gestora com operações complexas de crédito no setor será um diferencial nesse sentido.
No radar do grupo, estão ativos que “já estão na rua”, porém, os sócios destacam que a ideia é fazer uma busca ativa de oportunidades. “Somos uma casa que não fica esperando a transação chegar até nós. Reforçamos nossa equipe de prospecção. Quando vamos atrás da operação, em geral, conseguimos desenhar uma solução melhor”, afirma Calixto.
O executivo sinaliza que já há conversas do gênero em curso e que novas operações poderão sair até o fim deste ano.
A gestora também deverá seguir analisando leilões de infraestrutura, tal como foi no caso da Codesa. Porém, não há perspectiva de projetos no curto prazo, devido ao calendário eleitoral. Um ativo que interessa à gestora e que poderia ser uma última oportunidade deste ano seria a desestatização do Porto de Santos, no entanto, a percepção é que o prazo não será suficiente.
Questionados sobre a expectativa para o próximo governo no setor de infraestrutura, os sócios da gestora afirmam que a decisão de investimento não estará condicionada à agenda ideológica dos futuros governantes.
“Os investimentos têm um horizonte mais longo de maturação, então não podemos nos pautar pela dinâmica eleitoral de curto prazo, até porque temos eleições a cada dois anos. O único ponto é que as eleições sigam existindo a cada dois anos”, diz Calixto.
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