Folha de S. Paulo – A Rumo Logística, maior concessionária ferroviária do país, anunciou nesta quinta-feira (3) que iniciará as obras de construção de uma ferrovia de 730 quilômetros em Mato Grosso, com investimento que pode chegar a R$ 15 bilhões.
A ferrovia, que quando concluída passará por 16 municípios do estado, terá 22 pontes, 21 viadutos, 2 quilômetros de túneis e 11,5 quilômetros de pontes. Consumirá 1,4 milhão de dormentes e 108 mil toneladas de trilhos.
POD NOS TRILHOS
- Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana
- O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS
- Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário
- TIC Trens: o sonho começa a virar realidade
- SP nos Trilhos: os projetos ferroviários na carteira do estado
A primeira fase, que começará ainda em 2022 e deverá ser concluída em três anos, ligará Rondonópolis a Campo Verde e terá 211 quilômetros. No trecho, o investimento ficará entre R$ 4 bilhões e R$ 4,5 bilhões.
Serão dois trechos, ambos a partir de Rondonópolis, ligando a Cuiabá e Lucas do Rio Verde.
A ferrovia é fruto de uma parceria com o governo de Mato Grosso, que definiu uma legislação própria para que a obra fosse feita pela iniciativa privada. É considerada a primeira ferrovia estadual do país e terá investimento 100% feito pela Rumo.
Para a concessionária, a obra vai estimular a instalação de novas indústrias, aumentará o potencial de escoamento da demanda do agro mato-grossense, reduzirá custos logísticos para o transporte de cargas e permitirá diversificar cargas, além de gerar empregos.
“É a oportunidade de levar todo esse desenvolvimento para o interior do Brasil. Você descentralizar, como é nos países desenvolvidos, [você leva] o desenvolvimento e a geração de empregos. Estamos falando de mais de 200 mil empregos, 100 mil empregos diretos e 100 mil empregos indiretos, só nesse primeiro momento. Então você conseguir gerar esses empregos no interior é muito bom, porque o agronegócio brasileiro emprega hoje mais de 20 milhões de pessoas”, disse João Alberto Abreu, presidente da Rumo.
Principal exportador de grãos do país, Mato Grosso tem hoje apenas 300 quilômetros de ferrovias, o que significa que irá mais do que triplicar a extensão ferroviária atual quando a obra estiver totalmente concluída, o que é previsto por Abreu para 2030.
Como efeito de comparação com outros modais de transporte, dois trens que deixem Rondonópolis com destino ao porto de Santos transportam 10 mil toneladas, distribuídas em 120 vagões e três locomotivas, o equivalente a 700 caminhões.
“É uma obra cuja envergadura vai de fato transformar a companhia. O estado de Mato Grosso hoje já é responsável por 40% das exportações de grãos do país. Essa participação nas exportações nacionais vai aumentar naturalmente, visto que ainda existe um potencial enorme de crescimento.”
A primeira fase da extensão da Rumo em Mato Grosso é considerada pela empresa como a mais difícil em relação a obras, por conta de fatores como complexidade geográfica.
A empresa tem o licenciamento ambiental prévio para 100% do projeto, conforme Abreu, e nesta quinta assinou acordo com MPF (Ministério Público Federal), governo de Mato Grosso, Defensoria Pública e comunidades indígenas para permitir as obras, com oitivas pedidas pelo MPF sendo realizadas paralelamente.
“De forma alguma nós nos furtamos de ter essas discussões para ouvi-los, entender se tem alguma necessidade adicional no processo, mas os licenciamentos continuam naturalmente.”
A Rumo é a maior operadora de ferrovias do país, com 14 mil quilômetros de trilhos distribuídos em nove estados (Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais, Goiás e Tocantins), 12 terminais de transbordo e seis terminais portuários. Tem 1.400 locomotivas e 35 mil vagões.
O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil), reeleito no primeiro turno, disse que o estado criou as permissões legais para que a Rumo pudesse construir a ferrovia em Mato Grosso e que ela permitirá que o agro cresça ainda mais.
“Essa melhoria da logística com a chegada da ferrovia vai criar mais competitividade entre as três saídas que Mato Grosso tem, pelo Porto de Santos, pela navegação pelo rio Madeira e pela navegação pelo rio até Miritituba, descendo para pegar os portos da região Norte. Tendo competitividade entre os modais, o custo do frete tende a diminuir e isso será bom porque vai deixar mais dinheiro na mão de quem produz, dando mais competitividade a esse setor”, disse.
A cerimônia que marcará o início das obras acontecerá segunda-feira (7), no terminal ferroviário de Rondonópolis.
Seja o primeiro a comentar