Valor Econômico – A Santos Brasil planeja acelerar os investimentos previstos na renovação antecipada de sua concessão no Porto de Santos e, com isso, concluir a ampliação do terminal de 2031 para 2026. A capacidade deverá chegar a 3 milhões de TEUs (medida equivalente e contêiner de 20 pés) ao fim das obras — hoje o limite é de 2,4 milhões de TEUs.
“Existe uma demanda de aumento da carga de transbordo em Santos, que deve concentrar a carga [vinda de rotas de longo curso, para que siga para as rotas menores via cabotagem]. À medida que aumenta o tamanho dos navios, deve aumentar essa concentração em Santos e ter mais demanda. Com o aumento de calado do canal de acesso do porto, isso deve se acentuar. A informação da autoridade portuária é que as obras começam neste ano. Estamos nos antecipando para estar com a capacidade de 3 milhões de TEUs quando o aprofundamento ficar pronto”, afirma o presidente da companhia, Antonio Carlos Sepúlveda.
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Os investimentos totais previstos na renovação antecipada da concessão, firmada em 2016, somam R$ 2,6 bilhões, em valores atualizados, segundo Sepúlveda.
Desse montante, metade já foi investido. Até 2026, o volume chegará a R$ 2 bilhões. Ficarão faltando cerca de R$ 600 milhões de investimentos, mas que deverão ser destinados a outros projetos que não implicam em aumento de capacidade, como iniciativas de descarbonização — por exemplo, de “shore power”, ou seja, a instalação de tomadas elétricas para que os navios não precisem consumir diesel enquanto estão atracados no porto.
Neste ano, a previsão de investimentos é de R$ 420 milhões. Boa parte da antecipação dos investimentos se refere à aquisição de equipamentos, em especial dois portêineres (que faz o transporte do contêiner entre o navio e o cais) e oito guindastes RTGs (usados no pátio para transportar os contêineres). Também estão previstas obras no pátio, para ampliar a área de armazenagem.
Com os investimentos, até o fim deste ano a capacidade já deverá subir para 2,6 milhões de TEUs.
Com a conclusão dessa ampliação, não estão mais previstos novos investimentos de aumento de capacidade na concessão da Santos Brasil. Uma outra possibilidade de expansão, mas ainda incerta, seria a incorporação de uma área adicional vizinha ao terminal da empresa, hoje ocupada por moradias irregulares. A Autoridade Portuária de Santos já manifestou a intenção de deslocar as famílias a outro local, para fazer o adensamento da área ao terminal da Santos Brasil.
Segundo Sepúlveda, ainda não há conversas oficiais a respeito, mas o plano interessa à companhia. Neste caso, a empresa poderia transferir o atual terminal de veículos para a nova área e, assim, abrir espaço para mais um berço e mais armazenagem de contêineres — o que possibilitaria a adição de mais 1 milhão de TEUs de capacidade.
Porém, como se trata de uma ideia muito preliminar, ainda não há estimativa de investimentos adicionais, nem clareza sobre como seria feito o reequilíbrio do contrato neste caso. “Por regulamentação poderia [ter uma nova extensão do contrato como forma de reequilíbrio], mas tem outras formas de fazer a recomposição”, afirma Bruno Stupello, diretor de Operações Portuárias da empresa.
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