O Governo Federal ainda não sabe de que fonte serão tirados os R$ 518 milhões necessários para implantar o sistema de transporte ferroviário VLT, apontado como uma solução para o transporte coletivo da região metropolitana de Natal. Ontem, o secretário nacional de transporte e mobilidade urbana, Luiz Carlos Bueno, esteve em Natal para se reunir com a prefeitura e o governo do estado sobre o Projeto de Modernização do Sistema de Trens Urbanos de Natal, que tem o veículo leve sobre trilhos (VLT) como destaque. Ele também apresentou o projeto à imprensa, em uma entrevista coletiva concedida na sede da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU).
Além de adquirir os trens, será necessário implantar trilhos adequados ao VLT, construir novas estações e recuperar outras. Segundo estimativa da CBTU, o sistema entrará em funcionamento no mínimo dois anos após o início das obras, que ainda não têm previsão para começar.
Luiz Carlos Bueno explica que o governo tem diferentes opções para financiar o projeto. Ele acrescenta que as fontes mais prováveis são o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Plano Plurianual de Administração (PPA) 2008-2011.
O secretário acredita que o VLT, que também deverá ser implementado em João Pessoa e em Maceió, vai ser um transporte mais eficiente e confortável para os moradores da região metropolitana de Natal. Ele acrescenta que o sistema servirá a quem já usa o transporte público e a quem anda de carro atualmente. ‘‘O carro nunca se tornará completamente dispensável. Nossa intenção é fazer que as pessoas deixem seus carros nas estações do VLT, para usar o novo transporte’’, expõe. Ele destaca que o atual sistema de transporte público da cidade, que tem os ônibus como alternativa única para a maior parte dos usuários, não é o ideal. ‘‘O VLT vai chegar aonde o ônibus não chegam e vai se integrar com os ônibus. Teremos um sistema rápido e integrado’’, prevê.
12 trens
O projeto, elaborado pela CBTU e pelo Ministério das Cidades, prevê a utilização de 12 trens, que servirão a oito municípios da região metropolitana – Natal, Parnamirim, São Gonçalo do Amarante, Extremoz, Macaíba, Nísia Floresta, São José do Mipibú, e Ceará-Mirim. Cada trem terá dois vagões, com capacidade para 650 passageiros cada. Segundo o projeto, após a implantação do VLT, o sistema ferroviário da CBTU em Natal poderá transportar cerca de 120 mil passageiros por dia, mais de dez vezes os 11,8 mil que os trens que servem a capital atualmente transportam diariamente. ‘‘É um sistema ideal para as cidades de médio porte, como Natal’’, acrescenta.
Ele informa que o sistema vai incluir o uso de um trem menor, chamado aeromóvel, que terá vagão único e será operado à distância, ao contrário dos VLTs propriamente ditos, que terão condutores a bordo. Bueno explica que esses trens menores serão usados para o trecho entre a estação de São Gonçalo do Amarante e o aeroporto de São Gonçalo, que ainda não foi construído.
O superintendente da CBTU em Natal, José Fernandes, explica que o sistema funcionará paralelamente aos trens atuais da rede. Ele informa que o projeto original previa que o VLT corresse pelos municípios de Natal, Parnamirim , Extremoz e Ceará-Mirim, e que a proposta sofreu modificações a pedido da governadora Wilma de Faria, que solicitou que o sistema também chegasse ao futuro aeroporto de São Gonçalo do Amarante e aos outros três municípios da Grande Natal. Com isso, o projeto dobrou de tamanho e teve seu custo expandido.
Fernandes explica que ainda não está definido o tipo de combustível que os trens VLT vão usar. ‘‘Poderá ser eletricidade, diesel ou até biodiesel’’, exemplifica. ‘‘De todo jeito, será um meio de transporte com emissões de poluição menores que os outros que operam atualmente na cidade, inclusive os trens a diesel’’, informa.
A configuração atual do projeto prevê que o VLT terá terminais na Ribeira, na Bernardo Vieira, em Ceará Mirim e em São José de Mipibú. São Gonçalo será servido por uma linha circular e um prolongamento para o aeroporto. Já Nísia Floresta não terá estação própria, mas sim uma ligação rodoviária com a estação de São José.
No município de Natal, o VLT terá 18 estações, em bairros e conjuntos como Quintas, Alecrim, Bom Pastor, Cidade da Esperança, Pitimbu, Cidade Satélite, Igapó, Nova Natal Santa Catarina e Soledade.
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