Enquanto prepara sua fusão com a Rumo (do grupo Cosan), a América Latina Logística (ALL) vem enfrentando um cenário de pressão neste ano, com juros em alta. No segundo trimestre, se somou a esse fator uma demanda por transporte mais fraca que a inicialmente esperada pela companhia. Como resultado, a ALL registrou um lucro líquido de R$ 93,8 milhões no segundo trimestre de 2014. O número representa uma reversão do prejuízo contábil registrado um ano antes (de R$ 74,4 milhões), mas ficou abaixo do esperado por analistas.
O lucro representa ainda uma queda de 45% em relação ao resultado ajustado de um ano antes (no segundo trimestre de 2013, a empresa havia registrado um impacto não recorrente pela perda dos ativos de concessão na Argentina).
Segundo a própria ALL, os resultados operacionais sofreram o impacto de uma demanda chinesa por commodities em baixa. Isso reduziu a procura por transportes nas ferrovias e, em consequência, os preços de frete cobrados pela companhia.
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A receita líquida da ALL foi de R$ 1,07 bilhão no período, um aumento de 4,1% em relação a um ano antes. O Ebitda ficou em R$ 579, aumento de 0,2% contra um ano antes.
O volume da ALL em operações ferroviárias aumentou apenas 0,9% contra um ano antes, para 11.370 milhões de TKU (toneladas por quilômetro útil). Já as commodities agrícolas caíram 0,1%, para 8.720 TKU.
Mas a maior “vilã” do balanço foi a parte financeira, na visão da companhia. A perda nesse item subiu 38%, para R$ 346 milhões. Segundo a ALL, esse crescimento foi impulsionado, principalmente, pelo aumento dos juros, que impactam o Certificado de Depósito Interbancário (CDI). “Você tem um crescimento de 50% do CDI, é um impacto grande”, diz Rodrigo Campos, diretor financeiro da ALL.
Os investimentos nas operações ferroviárias foram de R$ 261,2 milhões no segundo trimestre. Segundo a empresa, os aportes resultaram, principalmente, dos investimentos para a duplicação do trecho ferroviário de Campinas a Santos, em São Paulo. As obras têm previsão de conclusão para março de 2015 e a operação para o mês seguinte.
A companhia espera números melhores no resto do ano. “Enquanto no segundo trimestre não tivemos a demanda imaginada, no segundo semestre estamos mais otimistas. Tem uma safra de milho vindo, cargas de açúcar do Paraná… E você também tem um cenário operacional melhor [do que no ano passado]”, diz Campos.
Segundo ele, o incêndio do fim de semana registrado no porto de Santos não vai afetar a operação da companhia. “No ano passado houve várias ocorrências. Teve um acidente e dois incêndios. O que ocorreu agora foi muito restrito a operações rodoviárias”, afirma o diretor.
No ano passado, a ALL chegou a mencionar em diferentes ocasiões que analisava a entrada no setor portuário para que os problemas operacionais diminuíssem o impacto em sua operação. Agora, esses planos ficam à espera de uma definição com a Rumo.
Atualmente, há um time de transição que analisa a futura operação da companhia a ser formada – além dos portos, é avaliada a atuação da companhia em novas ferrovias. A equipe trabalha paralelamente ao trâmite existente no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que tem um prazo de 11 meses para aprovar ou não a fusão das empresas.
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