Terras cultiváveis continuarão em expansão no Brasil e na Argentina

Brasil e Argentina vão continuar a registrar aumento em suas
terras cultiváveis (“crop land”) nos próximos dez anos, ao mesmo
tempo em que áreas agrícolas utilizadas (“agricultural land use”)
seguirão a diminuir em termos globais. Essas projeções constam do “Relatório
de Perspectivas Agrícolas 2017-2026”, elaborado pela Organização para
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e pela FAO, a agência da ONU para
Agricultura e Alimentação.

Nos últimos dez anos, os dois países da América do Sul já
tiveram a mais forte expansão de terras cultivadas do mundo. Os aumentos foram
de 10 milhões de hectares no Brasil e de 8 milhões na Argentina, de acordo com
o relatório. Para a próxima década, a projeção é que o ritmo de expansão das
terras para cultivos seja semelhante nos dois países, o que garantirá a ambos
um papel estratégico ainda maior no abastecimento global de alimentos.

Em outros grandes produtores agrícolas onde as áreas de
cultivo aumentaram na última década, a previsão é de queda, em parte por causa
do comportamento esperado dos preços das commodities. As maiores reduções
deverão acontecer nos Estados Unidos e na União Europeia, também em
consequência da urbanização, do reflorestamento e conversão permanente de
pastagens em áreas agrícolas.

Entre 1960 e 1993, as terras de uso agrícola aumentaram de
4,5 bilhões de hectares para 4,9 bilhões no mundo. Nos últimos dez anos, no
entanto, diminuíram cerca de 62 milhões de hectares. E essa tendência deve
persistir, mas em menor ritmo, para algo em torno de 24 milhões de hectares.
Mais da metade das terras agrícolas, incluindo terras aráveis e pastagens, está
localizada em dez países, com as maiores áreas distribuídas na China, nos EUA e
na Austrália.

Cerca de 70% das terras agricultáveis são usadas como pasto,
mas a conversão de pastagens degradadas em áreas agricultáveis está crescendo.
Os cereais ocupam 42% das terras cultivadas globalmente, enquanto 14% são
destinados a oleaginosas, 4% a raízes e tubérculos, 2% ao algodão e outros 2%
para as matérias-primas destinadas à produção de açúcar, segundo o relatório.
Os outros 36% são alocados para pulses (feijão, lentilha etc), frutas e
vegetais.

No cenário traçado pelo novo trabalho da OCDE e da FAO, o Brasil
deverá superar os Estados Unidos como o maior produtor de soja do planeta. No
país, a produção da oleaginosa, segundo o relatório, deverá crescer 2,6% ao ano
até 2026, enquanto nos EUA o avanço deverá ser de 1% ao ano. Na Argentina, por
sua vez, o ritmo de crescimento, no caso do grão, está projetado em 2,1% ao
ano. A soja é o carro-chefe do agronegócio brasileiro.

Ainda conforme o relatório de FAO e OCDE, a produção mundial
de carnes poderá ser 13% maior em 2026 que entre 2014 e 2016, um ritmo de crescimento
mais acelerado que na década passada. A participação do Brasil e dos EUA nas
exportações totais deverá aumentar para 44% – ou seja, os dois países
responderão por quase 70% do crescimento das vendas externas no período.

De acordo com o relatório publicado ontem, o Brasil também
se consolidará ainda mais na liderança da produção global de açúcar e deverá
representar, ao fim da próxima década, por 48% das exportações mundiais. OCDE e
FAO preveem recuperação no segmento, após severos problemas financeiros que
abalaram usinas, inclusive no Centro-Sul brasileiro, nos últimos anos. Os
órgãos apontam, como sinal de recuperação, mais investimentos na renovação de
canaviais.

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