RIO – Diante de gargalos de infraestrutura e custos
elevados, transportadoras e companhias que movimentam grandes volumes de cargas
têm recorrido a inovações tecnológicas para tornar suas operações mais
produtivas e seguras. A Rumo, por exemplo, está apostando na associação de
Internet das Coisas (rede de equipamentos capaz de gerar e transmitir dados de
forma automatizada) e Inteligência Artificial para aumentar a eficiência das
suas ferrovias.
A companhia passou a concentrar em uma central de análise de
dados as informações transmitidas pelos milhares de sensores que tem espalhados
pela frota de trens e nas ferrovias. Antes, essas informações eram enviadas
somente ao maquinista, mas, agora, 40% do volume já são remetidos em tempo real
à central.
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— O sistema mede de tudo. A temperatura da roda é um
exemplo: se estiver muito quente, pode ser um sinal de excesso de frenagem; se
estiver fria, pode ser que não seja mais capaz de frear — observou Roberto
Rubio, diretor de tecnologia da Rumo. — Até cinco anos atrás, o setor
ferroviário, que foi o símbolo da primeira revolução industrial, vivia com um
gap tecnológico. Isso não é mais verdade.
A companhia também está usando Inteligência Artificial para
otimizar a troca de turnos de seus 2,2 mil maquinistas. De acordo com Rubio, o
sistema leva em consideração variáveis como a localização do funcionário e seus
horários disponíveis. Antes, essa escala era feita por humanos.
A Vale, que também opera ferrovias, está usando sistemas de
Inteligência Artificial para tornar mais eficiente a manutenção de trens e
trilhos. A companhia instalou nas estradas de ferro Carajás e Vitória-Minas
sensores capazes de medir a espessura dos rodeiros (conjunto de rodas e eixo)
de suas locomotivas enquanto o trem passa.
— O sistema cria modelos matemáticos que nos permitem
identificar o nível de desgaste do rodeiro e prever como o processo de
deterioração se dará nos próximos 30 dias. Isso reduz custo e melhora a
segurança — contou Rafael Lychowski, gerente de Inteligência Artificial da Vale.
O projeto foi implementado este ano. Antes, a companhia
trocava todos os 80 mil rodeiros de seus vagões de forma preventiva,
independentemente do estágio de desgaste, a cada 12 meses. Com o sistema, a
mineradora prevê uma economia de R$ 2,3 milhões ao ano, dez vezes o custo do
projeto.
A curitibana Gestran, que desenvolve sistemas de gestão para
o setor de logística, lançou em setembro o Fretefy, espécie de Uber do
transporte de carga. O sistema cruza a demanda de transportadoras com a
disponibilidade de caminhoneiros autônomos.
A empresa de transporte lista na plataforma o tipo de carga
que precisa entregar e onde, e o Fretefy encaminha a demanda para motoristas
que estejam disponíveis para a tarefa. O sistema permite o acompanhamento por
GPS de toda a entrega da carga e a atribuição de notas ao serviço realizado.
Desenvolvida ao longo de um ano e ao custo de R$ 2 milhões,
a plataforma já é usada por 13 transportadoras e 1,5 mil caminhoneiros. De
acordo com a gerente de vendas da Gestran, Marilucia Pertile, o maior atrativo
do Fretefy é tornar mais fácil para a transportadora encontrar motoristas
disponíveis em momentos de pico.
Na JSL Logística, que faturou cerca R$ 1 bilhão no terceiro
trimestre, um sistema de gerenciamento de frota implementado este ano permite
monitorar remotamente e em tempo real os parâmetros operacionais do caminhão.
Segundo Adriano Thiele, diretor operacional da empresa, um dos benefícios é
reduzir a ocorrência de acidentes.
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