Vendas da Vale para a Ásia têm crescimento constante

A China tem sido o principal impulsionador da demanda global
por minerais e metais nos últimos anos. Em 2017, o país foi responsável por 74%
da demanda global por minério de ferro; por 55% do consumo global de níquel e
por 48% do de cobre. A mineradora brasileira Vale é um de seus maiores
fornecedores e participou com 17% do mercado chinês de minério de ferro –
197,24 milhões de toneladas – em 2017. “A Ásia representa 60% da receita
líquida da Vale e os efeitos da dinâmica de gestão dos estoques onshore e offshore
já refletem nas margens Ebitda, líquida e principalmente no capital de
giro”, afirma Adeodato Volpi Netto, estrategista-chefe da Eleven Financial
Research.

Netto atribui ao atual presidente da empresa – Fabio
Schvartsman – e sua mudança de gestão a guinada bem-sucedida de seu desempenho.
No terceiro trimestre deste ano, os resultados financeiros da Vale mostram
recuperação de uma crise que para a mineradora durou até meados de 2016. A
receita operacional líquida alcançou US$ 9,54 bilhões, com aumento de 10,75%
sobre o segundo trimestre, e o lucro líquido, de US$ 2,05 bilhões, ficou 5,3%
acima das expectativas do mercado para o trimestre. A empresa também reduziu em
50% a dívida líquida nos últimos 12 meses encerrados em setembro, saindo de US$
21,06 bilhões para US$ 10,7 bilhões.

A China é o maior mercado da Vale no mundo: 57% de seu
minério de ferro e de pelotas são vendidos para o país. Em 1970, quando as
negociações começaram, o comércio entre os dois países era de dezenas de
milhões de dólares. No ano passado, alcançou mais de US$ 75 bilhões.

O país asiático é a principal referência e formador do preço
das commodities metálicas no mundo, pois produz 50% do aço global. E, apesar de
controverso em relação à falta de transparência nos dados financeiros
apresentados pelo governo, a China tem grandes perspectivas: “Vejo ao
menos mais uma década de crescimento robusto para a China. E isso é positivo
para a Vale, que entendeu que tinha diferenciais para acessar aquele mercado e
ser player relevante lá”, afirma Netto. O minério de ferro mais puro,
extraído da planta S11D, de Carajás, no Pará, é um dos pontos relevantes da
companhia, diz Netto.

“Desde que a China passou a inovar, inclusive na
indústria automobilística e aeronáutica, deixou de ser mercado com produtos de
segunda linha para ter nichos de qualidade, o que abre espaço para a Vale
crescer em outras frentes com o cobre, níquel e outras geradoras de
receita”, afirma.

Não há, porém, consenso entre os analistas de mercado em
relação à Vale. Para a Mirae Asset Wealth Management, não houve mudança
acentuada de uma administração para outra. “O Fabio continuou a
administração boa, de expansão de Carajás de seu antecessor, o que é estratégia
acertada. Teve que se endividar para girar o projeto do S11D, mas com o tempo
foi diminuindo a dívida”, afirma Pedro Galdi, analista-chefe da Mirae. Já
a relação da mineradora com a China só melhorou a partir Carajás. “A Vale
mudou sua postura em relação à China com seu minério de ferro mais puro. Se
diferencia da Austrália e de outros produtores porque o minério é de melhor
qualidade”, explica Galdi.

 

Leia Mais: Vale define metas e fecha acordo com Glencore

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