Repetindo o bom momento vivido há cinco anos, o minério de ferro acumula valorização de 60,8% em 2019. A alta se deve à redução da oferta após a tragédia da Vale em Brumadinho (MG), além da suspensão de operações de mineradoras australianas com a passagem do furacão Verônica, em um momento de produção de aço recorde na China.
Mas há incertezas quanto à continuidade dessa trajetória nos próximos meses. Embora os analistas apontem que os fundamentos são positivos, não está claro se a commodity manterá o mesmo vigor durante a temporada de redução de produção de aço na China, a fim de controlar os níveis de poluição. Além disso, a matéria-prima mais cara reduz as margens da siderurgia e pode levar a cortes na produção em usinas chinesas. Por fim, ainda não há um acordo comercial entre China e Estados Unidos.
Essas incertezas alimentaram a realização de ganhos na sexta-feira. Ainda assim, a cotação permaneceu acima dos US$ 115 por tonelada, retomando os níveis recorde vistos em abril de 2014. De acordo com a publicação especializada “Fastmarkets MB”, a tonelada do minério com pureza média de 62% entregue no porto de Qingdao caiu 0,2%, ou para US$ 116,98 por tonelada.
Essa é a maior cotação no mercado à vista desde 17 de abril de 2014, quando a commodity era negociada a US$ 117,16 por tonelada. No acumulado de junho, o minério registra ganhos de 15% e, no ano, a valorização é de quase 61%. Na Bolsa de Commodity de Dalian, os contratos mais negociados com entrega para setembro perderam 11 yuans, para 820 yuans por tonelada.
A realização de ganhos nos mercados à vista e futuro vem dois dias depois de a mineradora australiana Rio Tinto ter reduzido a projeção de embarques da commodity a partir da operação de Pilbara em 13 milhões de toneladas, para o intervalo de 320 milhões a 330 milhões de toneladas. Antes, a expectativa era ficar entre 333 milhões e 343 milhões de toneladas.
Após a passagem do furacão Verônica pela região em março, a mineradora optou por elevar as taxas de embarque a fim de recuperar as entregas em atraso, o que acabou levando à necessidade de uma parada operacional, não programada inicialmente, nas próximas semanas. Ao mesmo tempo, a Vale informou que vai retomar no fim de semana 100% das operações na mina de Brucutu (MG), porém sem impacto na produção prevista para 2019.
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