O governador Wilson Witzel vai aterrar o buraco onde ficaria a estação de metrô da Gávea na Linha 4, cujas obras estão paradas desde 2015 e oferecem risco aos prédios próximos, revelou o jornalista Ancelmo Gois . O local foi inundado com 36 milhões de litros d’água. Um relatório do Tribunal de Contas do Estado concluiu que, só para estabilizar a estrutura e evitar perigo no entorno, o Estado teria de fazer novos investimentos da ordem de R$ 300 milhões, segundo Witzel. Em razão do alto custo, o governador decidiu aterrar a área da estação.
– Para concluir a obra, seria necessário R$ 1 bilhão. O Estado do Rio tem outras prioridades para uma montanha de dinheiro desse tamanho.
Projetada para receber diariamente 19 mil passageiros, a estação de metrô da Gávea – prevista como a mais funda do sistema, a 55 metros abaixo do nível da terra – foi transformada em um grande reservatório de água em janeiro de 2018. Foram usados 36 milhões de litros de água, volume suficiente para encher 13 piscinas olímpicas, em uma operação que teve como objetivo afastar a possibilidade de danos estruturais em prédios do entorno, inclusive o da PUC-Rio. Das seis estações previstas no projeto da Linha 4, que começou a ser implantado em 2010, a da Gávea é a única inacabada. A estação deveria ter ficado pronta para os Jogos Olímpicos do Rio. Depois, com atraso no cronograma, o estado chegou a divulgar que o terminal seria inaugurado em dezembro de 2016, mas a construção – marcada por suspeita de superfaturamento – foi interrompida em 2015.
TCE pediu plano de emergência
Em agosto, o TCE determinara que o governo estadual apresentasse um plano de emergência para que as obras da Linha 4 do metrô fossem retomadas. A estação Gávea, com as obras paradas, oferece riscos estruturais a prédios da região. Ao apresentar seu voto, o conselheiro Rodrigo Nascimento, relator do processo, afirmou que a longa paralisação coloca “vidas em risco”. Ele criticou o Ministério Público de Contas, órgão que pertence ao TCE, que havia determinado que concessionária Rio Barra arcasse unicamente com a despesa.
Por unanimidade, os conselheiros acompanharam o voto de Nascimento, que considerou “inconclusivas” as respostas enviadas pelo governo em junho, quando o tribunal solicitou um pedido de esclarecimento. A corte estipulou multa diária de R$ 3.500 para o secretário de Transportes, Delmo Manoel Pinho, caso o plano de emergência não seja apresentado no prazo estabelecido de dez dias
Segundo Nascimento, a paralisação total da empreitada pode afetar “a solidez da obra e a segurança da população”.
– Estamos falando de vidas. Vidas que podem ser perdidas caso ocorra o pior. Há o risco de estruturas ruírem e colocarem em perigo vidas e estruturas de predios lindeiros – disse Nascimento em agosto, citando um relatório produzido pela Rio Trilhos.
Relatório diz que obras levariam um ano
O relatório da Riotrilhos que foi apresentado ao TCE revelou que as obras necessárias à estação da Gávea vão levar, no mínimo, um ano . A intervenção no canteiro é obrigatória. O estado terá de fazer os ajustes por conta do perigo para o entorno.
A Riotrilhos alerta que o canteiro terá que ser totalmente esvaziado, gradativamente, numa operação cuidadosa, e não poderá mais ser alagado.
Segundo a Riotrilhos, que não estimou os custos, há duas alternativas viáveis. Para seguir com a obra, é preciso terminar as escavações em mais 15 metros de rocha e concretar toda a estação. Se não for dar continuidade, a saída é escorar as estruturas existentes e cobrir de terra o buraco até que, um dia, as obras sejam retomadas.
A previsão é que o serviço será lento. Só para retirar a água do local serão necessários três meses de trabalho. O prazo total das intervenções poderia chegar a dois anos. Os riscos se concentram na chamada alça oeste, onde está a futura estação. Não foram identificados problemas maiores na alça sul, onde as obras pararam quando ainda faltavam escavar 1.256 metros de túneis.
Witzel prometera solução para estação
No início do ano, o governador prometeu, em seu plano de metas, que um grupo de trabalho apresentaria uma solução para a estação Gávea em cem dias. O prazo venceu em 10 de abril. Já o Ministério Público do Rio, que conseguiu decisão judicial que impede novos investimentos públicos na obra por causa das denúncias de superfaturamento disse que vai analisar a nota técnica da Rio Trilhos. Além disso, o Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção (GAECC/MPRJ) solicitou ao Grupo de Apoio Técnico Especializado (GATE/MPRJ) análise in loco.
Em meio à indefinição, a situação preocupa moradores e a PUC. A universidade fez estudos por conta própria atestando os perigos da paralisação da obra.
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