G1 – A Linha 15-Prata apresentou novos problemas uma semana após os trens do Monotrilho terem batido um no outro. Passageiros contaram que tiveram a sensação de que os trens iriam colidir mais uma vez.
“Quando a gente olhou para trás, no último vagão, a gente viu um outro trem vindo em alta velocidade em nossa direção, só que ele não parava. E a gente estava meio que parado na via, a gente pensou que ia bater”, contou o ator Gustavo Coelho, que estava no trecho entre Sapopemba e Jardim Planalto.
POD NOS TRILHOS
- Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana
- O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS
- Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário
- TIC Trens: o sonho começa a virar realidade
- SP nos Trilhos: os projetos ferroviários na carteira do estado
Um outro usuário do sistema, o Vinícius, estava na outra ponta da linha, entre as estações Oratório e Vila Prudente. Ele tirou uma foto que mostra outro trem a poucos metros do que ele estava — e no mesmo trilho:
Além disso, os vagões circularam em velocidade reduzida na tarde desta quinta (16), horário em que a demanda é muito grande em razão do retorno do trabalho.
Centro de Controle do Metrô
O SP2 foi até o Centro de Controle do Metrô. O gerente de atendimento da companhia, Antônio Barros Silva, viu a foto e garantiu que não havia risco para os passageiros. Ele explicou que o sistema de sinalização do monotrilho, chamado CBTC, permite que os trens se aproximem em segurança.
“No Monotrilho, e mesmo na linha 1, ou na linha 2, que já opera com CBTC, você pode chegar até 20 metros entre um trem e outro. Isso é normal do sistema. Por isso que instalamos esse novo sistema de sinalização, para abrir mais espaço e poder inserir mais trem, aumentar a oferta para o nosso passageiro”, afirmou.
O Metrô informou que as causas das batidas da última semana ainda estão sendo investigadas.
Condutor diz que há riscos na operação
Um condutor da Linha-15, que preferiu não ser identificado, alertou que alguns pontos colocam a operação em risco:
“Um dos principais pontos é a falta de uma estrutura para o operador atuar nas anormalidades. É um sistema que seria automático, mas ainda não está pronto, e que o operador de trem trabalha de forma improvisada dentro dos trens, sem uma cabine isolada dos passageiros”.
Ele disse que há pontos cegos e que a iluminação de via no turno noite praticamente não existe e que a sinalização de via é muito precária.
“Numa orelha, a gente está com o rádio falando com o centro de controle, na outra orelha, está o passageiro perguntando o que está acontecendo, quando não está nos xingando, com raiva, porque o sistema não funciona”, lamentou.
Os trens do Monotrilho foram projetados para andarem sozinhos, mas desde que a linha abriu, há 8 anos, circulam com condutores que ficam numa área isolada, de forma improvisada.
O gerente de atendimento do Metrô garantiu que, um dia, a linha vai funcionar de forma automática e por isso, não faz sentido instalar uma cabine. Ele confirmou que há falhas no sistema de rádio e que o Metrô vai modernizá-lo.
“Está sendo contratado um novo sistema mais potente pelo seguinte. Nós contratamos um sistema novo de rádio digital para as linhas 1, 2, 3. Nós estamos trocando também da Linha-15 para poder deixar todas as linhas a mesma tecnologia”, informou Antônio.
“Existem algumas falhas nesse sistema, mas isso não impede em nada a circulação dos trens e a segurança é total”, completou.
Especialista pede aperfeiçoamento do sistema
Valter Avelino, professor de engenharia elétrica e especialista em sistemas digitais, argumenta que já deu tempo para o sistema de sinalização do Monotrilho funcionar de forma plena.
“Isso não é esperado nessa altura do campeonato, acho que precisaria de algum aperfeiçoamento, algum conjunto de testes mais robustos para finalizar esses processos e até deixar as operações em modo automático, sem a necessidade de um operador pra alguma emergência”, explicou.
“Deveria já ter encerrado essa fase de testes, uma vez que já estamos em operação comercial normal”.
O Metrô informou que não tem registro de problemas na iluminação e sinalização da via na Linha 15-Prata.
Seja o primeiro a comentar