Folha de S. Paulo – Em agosto de 1996 veio de Lausanne, na Suíça, uma boa notícia para os fluminenses: a linha 3 do metrô, projeto que liga o Rio de Janeiro a Niterói, estava entre as promessas da candidatura carioca para sediar as Olimpíadas de 2004.
O Rio foi eliminado na primeira fase do COI (Comitê Olímpico Internacional) no ano seguinte. Desde então, a linha 3 frequenta a lista de promessas eleitorais não-cumpridas.
De 1999 a 2009, período em que a cidade tentou por mais duas vezes ser sede dos Jogos Olímpicos, os metrô aumentou apenas 2,8 km. Após ser escolhido em 2009 até receber o megaevento em 2016, o Rio ganhou 17 km de trilhos. Atualmente são 55 km de rede.
A promessa ao COI já havia mudado para a linha 4, para ligar a zona sul à Barra da Tijuca, área central dos Jogos.
A linha 3 voltou a se tornar compromisso da candidatura de Rio e Niterói para os Jogos Pan-Americanos de 2031. Parece uma miragem ganhar mais de 20 km de metrô, considerando a completa estagnação das obras do setor desde 2016.
O poder dos megaeventos para mobilizar autoridades em prol de grandes obras no Rio de Janeiro ficou evidente durante a preparação para as Olimpíadas.
A melhor testemunha é o prefeito Eduardo Paes, que convenceu o presidente Lula, no apagar das luzes de seu segundo mandato, a autorizar o derrame de verbas do FGTS para acelerar a revitalização da zona portuária usando os Jogos como desculpa. A relação do investimento com o evento, fora o nome Boulevard Olímpico, ainda é um mistério.
A linha 3 do metrô está desenhada desde 1968. De lá para cá, outros sete estudos custeados pelos cofres públicos reafirmaram sua importância. A gestão Cláudio Castro prepara mais um projeto para licitar a obra.
A escolha da sede do Pan de 2031 será no segundo semestre. Rio e Niterói disputam com Assunção (Paraguai). Se perderem, espera-se que as autoridades abandonem a “evento-dependência” e confiram às promessas feitas aos moradores do estado o mesmo peso dado aos compromissos firmados com entidades esportivas internacionais.
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