A renovação dos trens da Companhia
Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) – que continua, mas não no ritmo ideal
– chama a atenção para o esforço de sua modernização, de grande importância
para a melhoria do sistema de transporte coletivo da capital. Embora nem sempre
receba o destaque correspondente ao seu papel, até porque seu processo de
modernização se arrasta há muitos anos, a CPTM é um dos elementos essenciais
daquele sistema, ao lado do Metrô e do serviço de ônibus.
Quase dois terços dos 65 novos trens
adquiridos pelo governo do Estado para reequipar a frota da CPTM já foram
entregues e se prevê que o restante desse lote deve estar em operação até o fim
de 2018. A Linha 7–Rubi – a mais extensa da companhia, com 60,5 km, ligando a
Estação da Luz a Jundiaí – já conta com 23 novos trens. Só no seu trecho de
maior movimento, da Luz a Francisco Morato, ela transporta 420 mil passageiros.
Esses números impressionam, mas ainda ficam distantes do que é necessário fazer
– tanto no que se refere à frota como aos demais setores da empresa – para
completar a sua modernização.
Que esse processo seria demorado já era
esperado, desde a criação da CPTM há 26 anos, em 1992. Ela surgiu da fusão de
três ferrovias: a Ferrovia Paulista S.A. (Fepasa), do governo de São Paulo, e
duas outras do governo federal, a Estrada de Ferro Central do Brasil e a
Estrada de Ferro Santos a Jundiaí. A própria Fepasa resultara da fusão de
outras ferrovias de passageiros. A nova empresa surgiu como um conjunto
heterogêneo, com tipos diferentes de material rodante, estruturas elétricas e
sistemas de controle operacional.
Para tornar a CPTM parte do sistema de
transporte coletivo da capital e da Grande São Paulo, além de harmonizar e
tornar compatíveis aquelas diferentes estruturas, foi preciso criar novas
conexões físicas e promover a integração tarifária com o Metrô. E ao mesmo
tempo promover a substituição progressiva dos equipamentos já superados, a
começar pelos trens, lentos e desconfortáveis.
Se comparada a situação da CPTM quando
surgiu ao que se tornou nesses 26 anos, houve uma significativa mudança para
melhor. A imagem dos velhos trens de subúrbio foi ficando para trás. Mas, se a
comparação é com o que a CPTM pretende ser, falta muito para se atingir o
objetivo. Principalmente, porque se pretende dar à CPTM o padrão de qualidade
do Metrô – um meio de transporte rápido, respeitador dos horários e
confortável, com trens modernos e estações funcionais.
Progressos foram e continuam sendo
feitos nesse sentido, mas num ritmo que deixa a desejar. A importância da CPTM
– pelas suas dimensões e características – exige um esforço maior do governo do
Estado. A empresa tem 270 km de linhas – quase três vezes a extensão das do
Metrô, que só alcançará 100 km no fim do ano, se se confirmar a previsão do
governo –, 94 estações e neste mês de junho bateu o recorde de 3 milhões de
passageiros transportados por dia, em média. O Metrô transporta 3,7 milhões.
É preciso considerar também que a CPTM
atende 23 municípios, tendo, portanto, um alcance territorial maior que o do
Metrô. Sua rede atinge boa parte da Região Metropolitana. É portanto a base já
montada para edificar um sistema destinado a atender de forma satisfatória à
demanda crescente por esse tipo de transporte.
Se e quando o serviço da CPTM atingir o
nível de qualidade do Metrô, como deseja o governo do Estado, São Paulo disporá
de uma rede metroviária de 370 km, o que a colocará em posição próxima da de
grandes cidades dos países desenvolvidos. Trata-se de um objetivo que pode ser
perfeitamente atingido num prazo razoável, tendo em vista que os investimentos
necessários para tal são bem menores, por exemplo, que os exigidos para a
expansão do Metrô.
Trata-se de uma meta realista e, por
isso mesmo, é lamentável que não tenha recebido até agora toda a atenção que
merece do governo.
– Fonte: https://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,um-esforco-que-vale-a-pena,70002356474
Seja o primeiro a comentar