Policiais da 25ª DP (Rocha) prenderam nesta segunda-feira Jean dos Santos Melo, de 25 anos, na Estação Ferroviária de Sampaio, na Zona Norte do Rio. Com ele, os agentes apreenderam quantidade ainda não contabilizada de maconha, cocaína e crack, que estavam escondidos dentro de uma mochila. De acordo com a polícia, Jean é integrante de uma quadrilha de traficantes que vende drogas dentro dos trens.
Como demonstrou o jornal O Globo em reportagem publicada neste domingo, a Estação Ferroviária de Sampaio pode ser apenas uma das linhas cujos trens passam pelos “trilhos do pó”. O jornal mostrou que o tráfico e a violência têm território livre em mais da metade das 52 estações localizadas no Rio. Durante as últimas três semanas, uma equipe percorreu de trem os ramais da Central do Brasil, administrados pela Supervia, e constatou em cinco delas, localizadas no interior das favelas do Jacarezinho, de Manguinhos, Vigário Geral, Parada de Lucas e Senador Camará, a presença de traficantes armados e usuários de todas as idades utilizando cocaína, maconha e crack.
Após a publicação, o traficante Paulo Jorge Pereira Júnior, de 24 anos, que saiu na primeira página da edição deste domingo segurando uma pistola na estação de trem do Jacarezinho, foi preso na Polinter por tentar roubar uma moto e foi reconhecido pelo policial, que viu a foto quando voltava para casa.
POD NOS TRILHOS
- Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana
- O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS
- Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário
- TIC Trens: o sonho começa a virar realidade
- SP nos Trilhos: os projetos ferroviários na carteira do estado
As publicações chamaram a atenção do delegado José Mariano Beltrame, secretário estadual de Segurança Pública, que garantiu que o tráfico nos trens e nas estações da Central será reprimido. Ele afirmou que já existe uma investigação em curso envolvendo seis batalhões da Polícia Militar e a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil, para atuar nas estações que foram mostradas na edição de domingo.
Não é a primeira vez que o jornal O Globo faz este tipo de alerta. Há dez anos, uma série de reportagens do jornal já mostrava o crescimento do tráfico nos trens da região. Foi nessa época que ocorreu a criação do Batalhão de Policiamento Ferroviário (BpFer) da PM e o Exército decidiu ocupar com tropas três estações da Vila Militar, como tem reivindicado agora o governador Sérgio Cabral. Em 1997, os trens eram administrados pelo governo do estado. Atualmente, as ferrovias são privadas e estão sob administração da concessionária SuperVia.
De acordo com o levantamento do Sindicato dos Ferroviários e do Batalhão de Policiamento Ferroviário, oito estações apresentam tráfico intenso: Vigário Geral, Parada de Lucas, Magalhães Bastos, Jacarezinho (antiga Vieira Fazenda), Manguinhos, Senador Camará, Costa Barros e Barros Filho. A estação do Jacarezinho (antiga Vieira Fazenda) é considerada a mais perigosa de todas. Os traficantes armados controlam todo o consumo e a movimentação de pessoas, colocando em risco os passageiros que utilizam as linhas da Central.
Os 992 quilômetros de malha ferroviária que abrangem, além do Rio, dez municípios, apresentam condições precárias, mesmo após a privatização. A situação da estrutura é melhor do que a encontrada pelos repórteres do jornal O Globo há dez anos, mas o tráfico se agravou em alguns pontos. A passagem custa R$2 nos trens que partem da Central do Brasil e atendem 89 estações.
Seja o primeiro a comentar