No pacote que vai levar a investidores chineses na semana
que vem, o governo brasileiro vai apresentar a oferta de leilão das quatro
usinas da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig): Miranda, São Simão,
Volta Grande e Jaguara. A bancada mineira tem pressionado para que elas
continuem sob o comando da estatal mineira. Na comitiva do presidente Michel
Temer estará, entre alguns parlamentares, o deputado Fábio Ramalho (PMDB-MG),
que está na linha de frente da resistência ao leilão das usinas.
O programa de concessão e privatização será incluído em
todas as palestras que Temer fizer para os empresários chineses. Nas reuniões,
os projetos de privatização serão apresentados pela equipe do Programa de
Parcerias de Investimentos (PPI), coordenada pelo Secretário Especial do
programa, Adalberto Vasconcellos.
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O pacote que será levado à China vai destacar os projetos de
energia, que têm grande possibilidade de participação chinesa. O governo também
vai “vender” aos asiáticos os projetos nas áreas de transportes, rodovias,
hidrovias, ferrovias, terminais portuários, e a Eletrobrás.
O ministro de Relações Exteriores, Aloysio Nunes, comentou
que a visita de Temer à China será importante principalmente no campo
econômico. A expectativa é que sejam anunciados grandes investimentos, em
várias áreas.
De acordo com Tarcísio Freitas, secretário de coordenação de
projetos do PPI, que vai integrar a comitiva brasileira em Pequim, já está
agendada para o dia 1.º de setembro uma reunião com a State Power Investment
Overseas (Spic), que em junho deste ano apresentou proposta para comprar a
participação da Cemig na Hidrelétrica Santo Antônio, em Rondônia.
Contra o tempo. Na avaliação de especialistas que acompanham
os processos de licitação no Brasil, o governo precisa correr para tirar todos
os projetos do papel até o fim deste mandato. Primeiro por causa do tempo para
elaborar os estudos e a modelagem do negócio e para resolver divergências que
sempre surgem no meio do caminho. Mas há outro fator que deve pesar ainda mais
no andamento do processo: a questão política. No ano que vem, há eleições e,
conforme forem surgindo os nomes de possíveis candidatos à presidência, as
incertezas podem aumentar, afirma o presidente da consultoria Inter.B, Claudio
Frischtak.
“Em meados de 2018 já teremos um quadro mais definido sobre
os candidatos e, se algum nome mais populista ganhar força, o programa pode ser
colocado em xeque.” Ele acredita, porém, que há ativos que podem superar as
incertezas políticas, como o Aeroporto de Congonhas, em São Paulo. “Os números
estão disponíveis e os investimentos não devem ser muito altos.”
O sócio da área de infraestrutura do L.O. Baptista
Advogados, Fernando Marcondes, acredita que os resultados do programa comecem a
aparecer no primeiro semestre de 2018, exceto no caso das usinas da Cemig, que
o governo quer licitar no mês que vem. “Se os editais forem lançados no
primeiro semestre de 2018, temos de contar mais uns quatro meses para a
realização do leilão (é esse prazo que pode ser alterado em alguns projetos)”,
destaca. Mas ele também avalia que a questão política pode afetar os planos do
governo.
Para o presidente da Associação Brasileira de Infraestrutura
e Indústrias de Base (Abdib), Venilton Tadini, algumas concessões têm potencial
para saírem do papel mais rápido, como é o caso da 3.ª Rodada de blocos do
pré-sal. “Já está tudo estruturado.” Ele elogiou a decisão de privatizar a
Eletrobrás, que deve atrair fundos de investimentos. Mas esse é um projeto que
ainda não tem nenhuma modelagem estruturada. Ele elogiou a decisão de
privatizar a Eletrobrás, que deve atrair fundos de investimentos. Mas esse é um
projeto que ainda não tem nenhuma modelagem estruturada.
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