O Governo do Rio de Janeiro informou, na noite desta segunda-feira (18), que vai se reunir com representantes da empresa chinesa CRRC para definir quais ações serão tomadas para retomar o uso dos 40 trens da companhia que apresentaram problemas e precisaram ser retirados de circulação.
A quantidade de trens defeituosos corresponde a 20% da frota total da Supervia, a concessionária que opera o serviço ferroviário no estado. Sem as composições, foram afetados milhares de passageiros do serviço de transporte, como mostrou o RJ2 desta segunda-feira (18).
De acordo com a concessionária, um plano de contingência foi adotado para minimizar “os efeitos e os transtornos aos usuários”. Ainda assim, passageiros reclamaram da demora e dos vagões cheios.
“Hoje está horrível, horrível. Devido à retirada dos trens chineses está horrível”, relatou um passageiro.
Trens adquiridos em 2012
Os 40 trens que apresentaram o problema foram comprados da China pelo governo do estado em 2012 e começaram a operar entre 2014 e 2016.
O governador na época da assinatura era Sérgio Cabral (MDB), que está preso. O sucessor dele, Luiz Fernando Pezão (MDB), que também está preso, comemorou a compra.
“Estive na China para acompanhar o processo de fabricação das composições e fiquei impressionado com a qualidade da fábrica”, afirmou Pezão, na época.
Já em 2016, as primeiras falhas foram detectadas. A empresa chinesa CRRC fez análises e identificou a necessidade de trocar as peças, mas o problema não foi solucionado.
Dois anos depois, a companhia chegou a fazer um “recall”, que é quando o fabricante se responsabiliza pelo conserto de algo defeituoso. Novamente, o procedimento não resolveu a situação.
Em junho deste ano, mais vistorias encontraram novos problemas em peças que são fabricadas pela empresa alemã Voith. Em nota enviada ao RJ2, a companhia comunicou que não poderia se pronunciar em nome do cliente, que é a empresa chinesa CRRC, mas disse que lamenta o ocorrido e ressaltou que irá contribuir para resolver a situação.
A Agetransp, responsável pela fiscalização do serviço, afirma que as peças fabricadas pela Voith voltaram a apresentar problemas após 60 mil quilômetros rodados. A previsão era que os equipamentos aguentassem pelo menos 600 mil quilômetros.
Como os trens ainda estão na garantia, a empresa chinesa foi acionada novamente e, por segurança, orientou que a Supervia tirasse os trens de circulação.
Nesta segunda-feira, 146 trens operaram nos ramais que transportam em media 600 mil passageiros todos os dias. A Supervia diz que o único ramal que não foi afetado foi o de Belford Roxo.
Problemas na operação
No início da noite, a Supervia informou que a operação sofreu acréscimo nos intervalos dos trens e composições menores passaram a circular. Também segundo a concessionária não houve registro de superlotação devido à redução da frota.
Os ramais Deodoro, Santa Cruz e Japeri tinham intervalos irregulares às 18h45. No ramal Belford Roxo, também no início da noite, o intervalo médio era de 15 minutos. A empresa acrescentou que “não há previsão de volta à regularidade do sistema”.
“A SuperVia e o poder concedente (Governo do Estado) estão atuando de forma contundente junto aos fornecedores para que o serviço retorne à normalidade o mais rápido possível. As caixas de tração são fornecidas ao Consórcio CRRC pela Voith, empresa alemã”, disse o comunicado da concessionária.
A equipe de reportagem ainda não recebeu uma resposta da CRRC.
Operação nesta segunda, segundo Supervia:
Ramal Deodoro
Trens paradores – intervalo irregular
Trens expressos – intervalo irregular
Ramal Santa Cruz
Intervalo irregular.
Ramal Japeri
Intervalo irregular.
Ramal Belford Roxo
Intervalo médio de 15 minutos.
Ramal Saracuruna
Trecho Central – Gramacho – intervalo de 10 minutos.
Trecho Gramacho – Saracuruna – intervalo irregular.
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