Estadão – Nenhum outro projeto logístico recebe mais atenção dentro do Ministério da Infraestrutura. Há mais de cinco anos, bem antes de ser ministro, Tarcísio Gomes de Freitas atua para tentar viabilizar a concessão da Ferrogrão.
O ministro evita comentários sobre os embates entre concorrentes, mas chama a responsabilidade para si ao defender o projeto. “Sinceramente, eu não sou louco de apostar numa ferrovia que não tenha interessados e que não seja viável. Há empresas interessadas, o projeto é absolutamente viável e será um exemplo em licenciamento ambiental, porque é isso que ele deve ser”, disse à reportagem.
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No ano passado, a Secretaria Especial do Programa de Parcerias de Investimentos do Ministério da Infraestrutura fez um convite a investidores para conhecer o projeto. Recebeu respostas para 22 agendamentos de entrevistas para tratar do tema.
Freitas ainda acredita que o leilão da Ferrogrão pode ser seu “maior legado”, porque reposicionaria a matriz ferroviária no mapa nacional. “Já temos o que é mais difícil em qualquer empreendimento, que é o investidor interessado. A viabilidade ambiental do empreendimento será confirmada naturalmente. Estamos falando de uma ferrovia que terá selo verde, um modal sem emissões, que será erguido ao lado de uma rodovia em área já desmatada. Isso significa menos acidentes em estradas e zero emissões de gases”, comentou o ministro.
Freitas reafirma que as condicionantes ambientais do projeto serão detalhadas e a prioridade máxima é fazer a obra sem atropelos. “Os povos indígenas serão ouvidos, bem como todos os interessados. Essa ferrovia será um modelo de sustentabilidade, essa é a minha prioridade.”
As ferrovias representam cerca de 15% do transporte de cargas do País, enquanto as rodovias respondem por 65% e as hidrovias, 15%. Para se ter uma ideia, a participação dos trilhos na China chega a 37% do que é transportado, a 43% nos Estados Unidos e a 81% na Rússia.
O Brasil destina apenas 0,6% a 0,8% de seu PIB anual para o setor de transportes, longe do cenário ideal de 2,5% do PIB que teria de manter, por duas décadas de investimentos, para modernizar a sua matriz logística. O Plano Nacional de Logística prevê que o transporte sobre trilhos possa chegar a 30% da matriz nacional até 2025.
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