Valor Econômico – A China é o principal parceiro de negócios da Vale e a expectativa na mineradora é de que o país asiático mantenha o posto nos próximos anos. Em 2024, a Vale obteve uma receita operacional líquida (ROL) de US$ 18,5 bilhões por meio de negócios realizados com a China, valor equivalente a 49% de sua receita líquida no ano, que somou US$ 38 bilhões.
Os embarques de minério de ferro da Vale para o país oriental somaram 187 milhões de toneladas em 2024, o que representou 60% do volume total de vendas da commodity e 61% das receitas obtidas pela companhia com o minério. A China também respondeu por 13% das receitas da mineradora com níquel e cobre, dois metais classificados como estratégicos para a transição energética para uma economia de baixo carbono.
O perfil de demanda de aço na China, no entanto, passa por uma transição. O mercado imobiliário, que tradicionalmente respondia por 40% do consumo de aço chinês – e, portanto, do minério de ferro – apresentou uma performance menor em 2024, na casa de 30%, devido a mudanças demográficas, com um menor ritmo de crescimento da população, e um excesso de oferta de imóveis novos nos últimos anos.
Mesmo diante dessa retração no mercado imobiliário, a produção de aço chinesa se manteve na casa de um bilhão de toneladas em 2024. As obras de infraestrutura e a indústria manufatureira, principalmente a indústria automobilística e em especial no segmento de veículos elétricos, e os fabricantes de painéis solares e de equipamentos para geração de energia eólica, puxaram a demanda por minério de ferro e também por níquel e cobre.
A indústria do aço é responsável por 15% das emissões de gases de efeito estufa (GEE) na China, mas assumiu compromissos de aumentar a sustentabilidade ambiental da atividade nos próximos dois anos. Para Tracy Xie, country manager da Vale na China, o novo posicionamento ambiental das siderúrgicas chinesas é uma ótima oportunidade para a Vale ampliar sua relação comercial com os clientes asiáticos.
Companhia possui um histórico de venda de minério de ferro para a China com mais de 50 anos
“A Vale fornece minerais estratégicos e soluções pioneiras de baixo carbono para apoiar a China a atingir suas metas de descarbonização e o crescimento de sua economia”, diz a executiva. “Desenvolvemos produtos inovadores, como um briquete de minério de ferro capaz de reduzir em até 10% as emissões de carbono no alto-forno das siderúrgicas, e modelos de negócio como os Mega hubs, que permitem o desenvolvimento de soluções para uma produção de aço com menor emissão”, afirma Xie.
Os Mega hubs são unidades de negócios da Vale dedicados a produção de pelotas e ferro briquetado a quente (HBI) com um processo produtivo que utiliza gás natural e dispensa o uso de carvão, permitindo uma redução de 60% nas emissões de gás carbono (CO2).
Em outubro de 2024, a Vale e a siderúrgica chinesa Jinnan Iron & Steel Group concluíram um acordo para implementar um Mega hub em Omã que demandará investimentos de US$ 600 milhões. A unidade está programada para entrar em operação em 2027 com capacidade para processar 18 milhões de toneladas de minério de ferro de baixa qualidade por ano, produzindo 12,6 milhões de toneladas de concentrado de alta qualidade.
A Vale possui um histórico de venda de minério de ferro para a China com mais de 50 anos. O primeiro carregamento da commodity da mineradora brasileira para o país asiático ocorreu em 1973, um ano antes do estabelecimento formal de relações diplomáticas entre o Brasil e a China. Desde então, a mineradora brasileira já exportou mais de 2,9 bilhões de toneladas de pelotas e finos de minério de ferro para os asiáticos.
Para realizar a operação logística, a Vale idealizou nos anos 2000 uma linha de navios graneleiros com capacidade de transportar 400 mil toneladas de minério de ferro em uma única viagem, o Valemax, o maior graneleiro do mundo. Em relação ao tradicional graneleiro Capesize, que tem capacidade na casa de 170 mil toneladas, o Valemax permite uma redução de até 41% nas emissões de GEE no transporte marítimo.
Seja o primeiro a comentar